Após a visita a Puebla de Sanabria e ao seu Lago, regressámos a Bragança, atravessando de novo a fronteira em Quintanilha, voltando de seguida, a entrar em Portugal com destino à cidade raiana de Miranda do Douro.
Miranda do Douro fica a 86Km da capital de distrito, Bragança e é banhada pelos rios Douro e Fresno. Considerada a “Cidade Museu” continua a manter a sua traça medieval e renascentista.
Chegados à cidade, foi nossa prioridade encontrar o Parque de Campismo, onde nos instalámos, e muito bem, pois o parque tem umas condições excelentes e uma bonita vista para o Centro Histórico.
De imediato, compreendemos a expressão mirandesa: “Em Miranda há 9 meses de Inverno e 3 de inferno”, pois o calor que se fazia sentir era mesmo infernal. Procurando minimizar os efeitos destas condições atmosféricas, fomos conhecendo um pouco da cidade, tentando ir usufruindo o mais possível do ar condicionado da viatura. Como tal descemos até à barragem no Rio Douro.
Neste passeio ficámos a saber da possibilidade de efetuarmos um cruzeiro ambiental, visitando as arribas do Douro, para conhecer e apreciar a fauna e flora da Reserva Natural do Douro Internacional. Findo o cruzeiro, haveria uma prova de vinhos e uma exibição de aves de rapina. Os bilhetes podem-se comprar on-line, que será a atitude mais correcta, visto no Verão haver muita procura, originando alguma dificuldade na aquisição dos bilhetes.
Em seguida passeámo-nos pelas ruas da cidade, ficando bastante surpreendida pela elevada actividade comercial, existindo ruas completas de lojas essencialmente de têxteis, calçado e ourivesarias.
A língua que mais se ouvia pelas ruas, era o espanhol. Na altura pensei ser o mirandês, agora, enquanto pesquisava, li no site da câmara que o mirandês já quase não se fala na cidade… fiquei baralhada … penso agora, que seriam os nossos vizinhos espanhóis, que se deslocam a Miranda para efectuarem as suas compras, tendo em conta a oferta variada que ali existe.
O sol começou a pôr-se e rapidamente chegou a hora do jantar. Não resistimos a provar o ex-libris da gastronomia de Miranda do Douro: a famosa posta mirandesa. Maravilha! Era agora altura de fazer a digestão, caminhando, para começar a descobrir um pouco do Centro Histórico, pois no dia seguinte, de mapa na mão, iríamos visitá-lo mais cuidadosamente.
O dia começou cedo, em mente tínhamos a visita ao Centro Histórico e uma caminhada pela ciclovia nas margens do Rio Fresno, para depois do almoço largarmos esta acolhedora cidade e regressarmos a Espanha para visitarmos a cidade de Salamanca.
Entrámos nas muralhas do castelo e seguimos a Rua Mousinho de Albuquerque, visitando o Museu da Terra de Miranda local onde está representada um pouco da cultura mirandesa, visitámos também as ruínas do Paço Episcopal, a Casa das quatro Esquinas e a Biblioteca.
Na Sé Catedral, a figura de um menino, muito bem vestido, me chamou a atenção: O Menino Jesus da Cartolinha. Exposto numa vitrina, tem a particularidade de junto dele estarem expostas as suas roupinhas, tais como as suas meiinhas e sapatinhos.
Segundo a lenda, quando as tropas castelhanas invadiram Miranda, no início do Sec XVIII, numa altura em que as tropas mirandesas já se encontravam sem esperanças, eis que apareceu este menino fidalgo, que chamando os populares, os comandou, escorraçando assim os espanhóis. No final do combate, o menino nunca mais foi visto, levando assim os mirandeses a acreditar que se havia dado o milagre. A festa em sua devoção, acontece no dia de reis, saindo o menino às ruas da cidade em procissão, num andor carregado pelas crianças da terra.
Junto da Sé Catedral vislumbra-se uma fabulosa paisagem sobre as arribas do Douro, tendo-se a percepção plena do “2” que parece ter sido esculpido na pedra por mão humana. Diz a tradição que quem o conseguir descobrir casará com uma pessoa da região.
Na Praça João III, em frente à Câmara Municipal, observámos as duas estátuas em bronze, onde estão representados o homem e a mulher mirandeses, com os trajes típicos da região e continuámos a percorrer as ruas deste interessante centro histórico. Chegados às ruínas do castelo, descemos até ao Rio Fresno onde terminámos a visita, percorrendo calmamente as margens deste rio num ambiente de relaxamento, em comunhão com a natureza.
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