“O dia começou cedo, pois 150 Kms ainda separavam Nenuco e Pastelita da Serra de Montejunto, o local eleito para caminharem no fim-de-semana 5 e 6 de Julho, a ansiedade era enorme, muito havia para descobrir…”
A Serra acolheu-nos debaixo de um denso nevoeiro, apenas eram visíveis alguns metros em redor. Na recepção do Parque de Campismo Rural de Montejunto fomos muito bem acolhidos pelo Sr. Carlos Rodrigues, ele próprio é o responsável pela marcação e manutenção de alguns percursos pedestres da Serra em conjunto com o Sr. Sergio. Muito amavelmente nos sugeriu algumas caminhadas enquanto nos fez também um pouco de história. Optámos por efectuar o “Caminho dos SS” e embora as condições atmosféricas não fossem as melhores para apreciar a paisagem, metemos a “bucha” na mochila e arrancámos nevoeiro dentro, para calcorrear os cerca de 8 kms de percurso, com a anotação do número de telemóvel do Sr. Carlos para o caso de surgir algum contratempo.
Seguimos em direcção à estrada para Torres Vedras onde apanhámos um trilho à esquerda em direcção ao meio da Serra. A paisagem nos primeiros quilómetros era apenas de alguns metros, mas nem isso nem as pernas das calças molhadas nos faziam desanimar e logo fomos recompensados, pois foi com verdadeiro deslumbramento que começámos a avistar os campos devidamente cultivados, assim como moinhos e várias povoações, era uma vista fantástica, sem dúvida
Começámos a descer até encontrarmos uma estrada de terra, viramos à esquerda apreciando uma magnífica paisagem do lado direito, até chegarmos ao Vale da Ramada ou Vale da Cascalheira. Aqui impõe-se uma monumental subida até ao cume, sendo a parte inicial um pouco mais difícil devido ao declive e à quantidade de pedras soltas que rolam debaixo dos pés. Este caminho apelidado de “Caminho dos SS” devido à sua forma, a fim de ser minimizado o declive e consequentemente ser facilitada a subida, era utilizado pelas populações de Pragança e de Cabanas para comunicarem entre si.
Rapidamente se começaram a avistar os emissores de Montejunto, mais um esforço e estávamos na estrada de alcatrão, onde nos refastelámos a saborear as nossas sandochas, enquanto as nuvens se aproximavam de nós com uma rapidez estonteante e em poucos minutos ficámos uma vez mais, envoltos num denso nevoeiro.
Seguiu-se a visita às Ermidas de S. João Baptista e da Nossa Senhora das Neves, tal como às ruínas dos dois conventos. Os monges do convento dominicano, aproveitando as condições climatéricas da serra, construíram tanques onde recolhiam o gelo que depois era enviado para Lisboa, para a corte.
Restava agora a descida até ao parque de merendas, passámos pelo quartel da Força Aérea e estávamos de novo no Parque de Campismo. Mas as nossas caminhadas não ficáram por aqui…
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